População enfrenta longas filas e horas de espera para fazer matrícula e transferência na rede pública de ensino

População enfrenta longas filas e horas de espera para fazer matrícula e transferência na rede pública de ensino

Foto: Nathália Schneider (Diário)

Nesta quinta-feira (16), as fichas esgotaram-se rapidamente e por volta das 9h já haviam pessoas aguardando atendimento para o período da tarde.

O cenário para quem foi fazer matrícula e transferência da rede pública municipal e estadual na quarta-feira (15) e na quinta-feira (16) foi desanimador e cansativo. Longas filas e horas de espera marcaram os dias na Central de Matrículas de Santa Maria, localizada no Bairro Nossa Senhora do Rosário.

No local, é feito o preenchimento das vagas remanescentes do Ensino Fundamental e do Ensino Médio para os pais e responsáveis que perderam o prazo de matrícula ou transferência de vaga. A data limite para fazer a solicitação online e presencial era de 7 a 27 de novembro. Já o período para transferência era de 2 a 17 de janeiro.

O primeiro dia de atendimentos na Central de Matrículas, quarta-feira, foi o mais tumultuado. Os relatos revelaram, por um lado, insatisfação dos pais com a demora e as filas grandes e, em contrapartida, cansaço e esgotamento da equipe local que estava realizando as matrículas e as transferências.

Já no segundo dia, quinta-feira, o movimento ainda era intenso, as fichas da manhã se esgotaram rapidamente e, por volta das 9h, já haviam pessoas aguardando atendimento para o período da tarde.

O trabalho na Central de Matrículas é voltado para atender 80 pessoas pela manhã e 80 pela tarde. Na quarta-feira, em função da alta demanda, foram disponibilizadas 100 fichas para cada turno. Nesta quinta-feira, a logística voltou para o atendimento de 160 pessoas por dia.

“O que eu vi foi um descaso com as pessoas que estavam lá para pegar vaga para as crianças”, relata Cristiane, que ficou mais de 6h na fila

A dona de casa, Cristiane Cardoso da Silva, 39 anos, moradora da Vila Brenner, chegou às 7h para fazer a matrícula da sobrinha, no 9º ano do Ensino Fundamental, e estavam esgotadas todas as fichas para a manhã.

De acordo com Cristiane, diante da grande quantidade de pessoas aguardando, a distribuição das fichas da tarde começou durante o período da manhã. Como havia chegado cedo, ela conseguiu pegar uma das primeiras fichas para ser atendida de tarde. Assim, ela teve que esperar na fila por mais de seis horas para fazer a matrícula, até às 13h30min.

– O que eu vi foi um descaso com as pessoas que estavam lá para pegar vaga para as crianças. Teve grosseria, queriam nos colocar tudo na rua, chamaram até a Guarda Municipal. Tinham mães com criança de colo, pessoas com pós-cirúrgico, idosos, todos em pé no sol na fila. Tem gente que não tomou café, nem almoçou – relata Cristiane.

Já a cuidadora de idosos, Enaide Schmengler, 45 anos, conta que tentou fazer a matrícula do filho Anthony, 6 anos, na quarta-feira. A família chegou por volta das 7h e não conseguiu ficha. Nesta quinta-feira, ela retornou, dessa vez, mais cedo, às 5h. Enaide ficou com a ficha 27 e por volta das 9h foi atendida.

Apesar de garantir uma vaga no Ensino Fundamental, a família vai ter que se organizar nas questões de transporte e horários para trazer o filho até a escola:

– Infelizmente não consegui colocar na escola que eu tinha pensado, mas peguei uma escola boa, o Cícero Barreto. Graças a Deus que a gente conseguiu. Nós moramos na Chácara das Flores, não é tão pertinho. Agora, temos que pensar no transporte, como vamos trazer ele, porque nós dois trabalhamos, daí é complicado.

A vendedora Cristina Curin, 34 anos, tentou fazer a transferência do filho, que está no Ensino Médio, dentro do prazo estipulado, no dia 15 de janeiro. Porém, ela foi orientada a voltar um mês depois na Central de Matrículas pois afirmaram que o prazo já estava encerrado.

A primeira tentativa foi na quarta-feira. Cristina chegou às 14h no local e não tinha mais fichas. Ela retornou nesta quinta-feira, às 7h30min, e não conseguiu ficha para ser atendida de manhã. Quando a reportagem conversou com Cristina, ela ainda aguardava a distribuição das fichas para o período da tarde:

– Não ganhei nada, desde às 7h30min tentando, agora, consegui entrar (no pátio do prédio da Central de Matrículas) para pegar ficha para de tarde. O pessoal tá bem chateado, ter que esperar é complicado.

Foto: Nathália Schneider (Diário)

“Todo ano é a mesma coisa, o pessoal deixa para fazer no período retardatário e todo mundo quer ter prioridade“, afirma coordenadora

Conforme explica a coordenadora da rede estadual da Central de Matrículas Luiza Diniz, é recorrente acontecer tumulto e reclamações durante o primeiro dia de transferência e de inscrições para as vagas retardatárias. Ela afirma que essa situação poderia ser evitada se os responsáveis tivessem mais atenção aos prazos:

– A Central de Matrículas existe há 20 anos. Em todo esse tempo, o pessoal já deveria estar acostumado que as inscrições são em novembro. Mesmo tendo oportunidade, não fizeram a matrícula. Todo ano é a mesma coisa, o pessoal deixa para fazer no período retardatário, todo mundo quer ter prioridade, tem briga na fila, parece que toda a cidade tem que fazer no mesmo dia. A Central abre hoje e não fecha mais, fica aberta o ano inteiro. Reclamam da Central, quando não é nossa culpa. Quem não compareceu para fazer no período correto que são os responsáveis.

Luiza também mencionou que, em razão da alta demanda, no primeiro dia de atendimentos, a equipe, que conta com sete pessoas, ultrapassou o horário e ficou com intervalo reduzido.

Com relação ao chamado da Guarda Municipal durante o primeiro dia de atendimentos, a coordenadora esclarece que foi uma necessidade diante da confusão e tumulto nas filas:

– Nós chamamos a Guarda Municipal porque estava havendo um início de tumulto com pessoas furando fila e entrando aqui na Central. Nós não temos como sair do atendimento para controlar a fila na rua. Nós chamamos a Guarda Municipal justamente para isso, para que não houvesse briga e depredação do prédio.

Em entrevista à Rádio CDN, o coordenador da 8ª Coordenadoria Regional de Educação, José Luis Eggres, salientou que vai ter vaga para todos que procurarem a Central de Matrículas:

– Não terá falta de vagas. É simplesmente uma questão que afunilou agora muitos alunos nesse processo remanescente que não vieram no tempo certo. É questão de ter calma e parcimônia. Aos poucos, vamos distribuindo os alunos de acordo com as regiões da cidade. Aqueles que receberam a ficha devem permanecer para serem atendidos, e os que não conseguirem devem retornar no outro dia.

Central de Atendimento

  • O preenchimento de vagas retardatárias e os pedidos de transferência seguem no decorrer do ano
  • O que levar para fazer matrícula ou transferência: RG ou certidão de nascimento e CPF do aluno, documento de identificação com foto, CPF dos responsáveis e comprovante de residência em nome do responsável legal
  • Atendimento: segunda à sexta-feira, das 8h ao meio-dia e das 13h30min às 17h30min
  • Endereço: Rua Serafim Valandro, 369, Bairro Nossa Senhora do Rosário
  • Telefones: (55) 3219-3338 e (55) 3217-7058
  • Email: [email protected]

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